quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

REFLEXÕES SEM DOR.

- Persigo a escrita e a poesia porque sei que jamais vou alcançá-las. A frase é ótima mas, infelizmente, não é minha; é de Francis Bacon (O pintor, não o filósofo): Persigo a pintura porque sei que não é possível alcançá-la. In: F. Maubert, Conversas com Francis Bacon. Gosto desse tipo de pensamento paradoxal, porque são profundamente Zen. Poderíamos pensar num Koan do tipo: O que é que se alcança, sem que jamais se busque? Ao que um jovem e afoito discípulo em busca de seu próprio caminho poderia responder: Alcança-se a si.

- O problema com as religiões formais é que elas reduzem a possibilidade, o campo, o âmbito, a abrangência da felicidade humana. E essa é a nossa irrecusável vocação, a nossa única e necessária obrigação ética e moral.

- Aos fins de cada um (vislumbrar seu próprio fim não deixa de ser uma sorte), é bom que cada um esteja reconciliado e em paz com seu próprio destino.

3 comentários:

  1. Há uma certa sabedoria em reconciliar-se consigo próprio e com o cosmos. Melhor quando isso se dá independente da possibilidade de vislumbrar a finitude.Nesse caso os meios justificam os fins (de cada um)

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  2. A velhice chegando (e a sabedoria junto, na melhor das hipóteses) traz essa certeza, a de que estar tranquilo consigo mesmo é chegar lá.
    Manoel de Barros, que vc ainda não conhece (!!) tem uma frase ótima em relação àquela historinha zen: "sinto um grande amor pelas coisas que não servem pra nada"...

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  3. Há tantas coisas que alcançamos sem buscarmos que parece estranho que o que busquemos seja alguma vez alcançado. Dizem que devemos tomar cuidado com nossos desejos pois eles podem se realizar, é um pensamento que por um lado convida ao não desejar, por outro avisa que não sabemos reconhcer nossos desejos, os reais.

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