A sabedoria dispensa a fé.
E eu - que só fumo cigarros heterodoxos - advirto: Religiões Formais viciam e fazem mal a saúde mental, provocando danos psíquicos irreversíveis.
Não se trata apenas do controle da espiritualidade: é todo um imaginário pessoal que se torna cerceado, refém, limitado. É o livre jogo da imaginação que está comprometida pelos limites do projeto religioso. As Religiões Formais afastam o sujeito de suas experiências pessoais, empobrecendo sua relação com com si próprio. (Jung dizia que as religiões são um poderoso escudo que te impedem de entrar em sua própria espiritualidade por conta própria).
Veja, por exemplo, o Zen: trata-se de uma doutrina e prática de sabedoria, logo, embute dúvidas. Já a Religião Formal é uma doutrina e uma prática de fé, logo, embute certezas.
Religioso, então, porque não? Mas, religioso, sim, sem religião alguma.
Somos todos - queiramos ou não - possuídos por uma espiritualidade que nos é própria e inerente enquanto seres humanos. A espiritualidade faz parte da estrutura psíquica da mente. Aliás, é precisamente nesse sentido que Jung gravou em seu brasão de família: “Invocado ou não invocado, Deus está presente”.
Com alguma irritação e muita convicção, afirmo: o piedoso, o dócil, o virtuoso, o digno são inimigos da sabedoria. Zaratustra, certamente diria: um homem “bom” é um homem “fraco.” (“Eu nego um tipo de homem que até agora tem sido considerado como superior: o dos bons, dos benévolos, dos caridosos”). Nietzsche.
Mas, atenção!, não leve nada disso muito à sério. O ateu e o filósofo têm dúvidas! É por isso que eles sabem do charlatão que são para si próprios, porque sabem que nada do que dizem é verdadeiro.
Seja, portanto, prudente e sábio, e não acredite em nada do que aqui está dito.
Essa é, precisamente, a chave do pensamento produtivo: lá adiante, outras verdades virão, tão precárias e provisórias quanto essas que agora, aqui são ditas.