quinta-feira, 14 de junho de 2012

O SAGRADO II


Sim, o sagrado é o que roça, fuça, pica e enrosca; é o que pinga, escorre e derrete; é o que ri, cheira e chora; chia, pia, mia; É o que range e o que rosna; escurece e clareia; esquenta e esfria; é o seco e o molhado; o que sopra, venta e balança; é o que anda, corre e o que hesita; é o bico, o rabo e o chifre; a garra, o casco e a pata; é a escama, o pelo e a pena; o que tem cheiro, sabor e cor; no alto, é o que sobe e pula, no baixo, o que se arrasta e enrosca; é o que nasce, cresce, divaga e sonha; o que mama, berra e se aninha; é o que cresce, o que goza e o que agoniza; é o que mata e o que morre; o forte e o fraco; é o que come e é comido; o cru e o cozido; é o frio e o quente; pra cima, o que brota, pra baixo, o que desce; é azul profundo, intenso branco, tranquilo verde; é o que se vê e o que se sente; o que se aprende e o que não se sabe. É isso ou esse, aquele, aquela e aquilo.
O sagrado somos eu e você.

LUCIDEZ


Sim,
desassossego,
e essa morna inquietude.

Sim,
esse jeito avesso
e vago de ser.

Sim,
é preciso aceitar o inseguro
como parte de si mesmo.
E é preciso,
sim,
essa incômoda lucidez,
nessa serena imperfeição.

SOU COMO SOU


Sou filósofo pra mim mesmo.
Amador e diletante.
Não tenho compromisso com o rigor,
mas com o prazer.

Sei que todo conhecimento é provisório,
e todo saber intransferível.

ZEN I


O Zen pode ser só Zen.
Pode ser budista ou taoísta.
Pode ser a mistura de um com o outro.
Nenhum nem outro.
O que ele pode, ou não pode,
É, ou não é,
Não tem importância!

ZEN II


O que é que está onde nada há a ser buscado ou encontrado?
Onde o que busca, não é diferente daquilo que busca?
E o que é encontrado já está naquele que encontra? 

REFLEXÕES SEM DOR.


- Qual a diferença entre uma verdade religiosa e uma verdade filosófica?
Nenhuma; ambas estão igualmente equivocadas.

- O budismo não é uma religião. O budismo é um pensamento (segundo Jung, “um imenso mundo pensamento”). Como religião formal, o budismo é limitado, pobre, simplista, dogmático. Já como pensamento, ele é uma vertiginosa via espiritual em direção a... você mesmo.

- As pessoas têm dificuldades – porque não dizer medo – de saber que essa consciência – esse eu pessoal – é meramente da ordem do humano. Cessando esse, cessa aquele.  Lamento, mas ao que tudo indica - isto é, sem fé – é assim que é. 

SABEDORIAS PROFANAS


- Não rir, não lamentar, nem amaldiçoar, mas compreender. Spinosa.
- O homem é necessariamente louco, porque não ser louco resultaria em outra forma de loucura”. Pascal.
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