segunda-feira, 30 de agosto de 2010

(Cai-duros)

Fui assíduo frequentador de “Pés-sujos”, também conhecidos como “Cai-duros”.

Pão-durismo com pragmatismo; é que sempre fui um bibliófico meio “duro”, de modo que comprava livros em troca de “PFs”. Mas, também é verdade, foi neles que comi definitivas “Rabada com Agrião”, “Língua Ensopada com Pirê de Batatas”, ‘Lombinho à Mineira”, “Costeletas com Coradas”. Foi neles, sim, que tomei incontáveis cafezinhos em xicrinhas pescadas num caldo pseudamente fervente, e inúmeras cervejas, observando ônibus amassarem suas chapinhas, jogadas rente a calçada; sempre prestigiava os que exibiam calçadas mais “chapadas”, como prova insofismável da excelência de seus comes, e da rotatividade de seus bebes.

Hoje, “Pés-sujos” – esse patrimônio carioca – cedem lugar à “botecos” estereotipados, insípidos e ascépticos, como aqueles que os paulistas fazem, achando que recriam o “clima” do Rio de Janeiro.

Tudo bem! Há muito já não como “PFs”:

Adeus bactérias, fungos, parasitas e protozoários.

Adeus amebas e giárdias.

Adeus salmonelas, coliformes e stafilococos.

Adeus cervejas em copos de requeijão!

(E nunca mais um “Bife acebolado à cavalo”).

Ah, os costumes mudam, o tempo varre, mas as lembranças...

Ah! As lembranças são o ontem do tempo,

no seu hoje.



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